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Análise sobre palestra para o Fortalecimento de Valores-base das Forças Armadas

Breve Introdução

Faz alguns meses que participei de uma palestra para o Fortalecimento de Valores [que as Forças Armadas têm como base]. Após isso senti a necessidade de elaborar esse ensaio sobre uma das abordagens feitas no evento. Porém, para mencionar todos os pontos que acho importantes, porque acabam se entrelaçando, foi necessário não só a argumentação como a exposição de algumas informações faltantes ou, pelo menos, pouco lembradas.

O “militar” vem de berço

Certa vez, conversando com um militar, fazendo referência à formação que os sargentos temporários têm nas Forças Armadas -, falei que um militar não era formado em cinquenta e poucos dias; em cinquenta e poucos dias podem ser ensinados regulamentos internos e outras normas e leis, mas não se forma um Militar. A porção Militar dentro do indivíduo já vem de berço, só faltando o “acabamento” final por parte da legislação própria dos militares que, se for analisada com um olhar distanciado do burocrático/jurídico, se nota que nada mais é do que uma normalização de boas práticas de convívio para o dia-a-dia. Claro, com as devidas e proporcionais punições quando não observadas.

Todos estão expostos aos danos das práticas corrosivas, inclusive os militares

Sendo observadas, reafirmam os valores do militar fazendo com que eles (o militar e seus valores) sejam indistinguíveis, pois formam um todo coeso. Por isso achei excelente e de extrema importância a iniciativa de uma abordagem que venha reforçar os valores que dão base às Forças Armadas, não só por ser “um extrato da sociedade”, como o próprio palestrante mencionou, mas também pelo poder corrosivo que as práticas atuais das elites políticas causam em todo o tecido social, afetando inclusive esse mesmo extrato. Tais iniciativas deveriam ser regra em todas as instituições, principalmente voltadas à educação.

Como as práticas corrosivas se espalham

A respeito das práticas que corroem o tecido social de uma nação, o psiquiatra polonês Andrew Lobaczewski explica de forma excepcional em seu livro “Ponerologia – Psicopatas no Poder” como tais costumes se espalham pela sociedade. No livro ele fala sobre outro país e outra época, mas, devido ao cenário atual, o contexto torna-se bastante familiar a qualquer brasileiro. No prefácio deste livro, Olavo de Carvalho registra que o Dr. Lobaczewski e seus colaboradores “descobriram que, quando os psicopatas dominam, a insensitividade moral se espalha por toda a sociedade, roendo o tecido das relações humanas e fazendo da vida um inferno… É assim que um grupo relativamente pequeno de líderes psicopáticos destrói a alma de uma nação”.

Me omiti por necessidade de digestão das ideias

Sabendo disso, confesso que fui omisso quando escutei o questionamento sobre como mudar o estado atual das coisas. Fui omisso devido a necessidade que possuo de digerir as informações/ideias as quais tenho acesso; não queria desconsiderar nada para não chegar a uma conclusão rápida, porém precipitada e, por que não, não tão correta ou completa. Mas, por outro lado, mesmo não alterando muito – apenas amadurecendo – o conteúdo após a “digestão”, eu não teria como explicar no que embaso o meu posicionamento com poucas palavras, correndo o risco de a minha opinião ser classificada como sendo apenas uma opinião vaga que destoaria da absoluta maioria e, por isso mesmo, errada, pois qualquer explicação é classificada como errada já de antemão tão logo se distancie do senso comum.

É verossímil que seja pelo voto que se muda, mas não é tão simples assim

Não fiquei convencido quando, em resposta ao questionamento acima, escutei a resposta “pelo voto”. Não creio que seja dessa forma. Não só não creio que não seja dessa forma como tenho um nível razoável de certeza de como teria que ser. Claro que é verossímil a ideia de que seja somente pelo voto que se pode mudar o status quo, porém o voto é apenas uma expressão final, é o produto de todos os anseios e valores que o indivíduo possui. Ele vota naquele que acha que vai pôr em prática aquelas coisas que ele acha certo e benéfico, mesmo às vezes não sendo nem um nem o outro.

Os alunos estão aprendendo a votar e em detrimento do verdadeiro ensino

Mudar a situação atual aprendendo a votar? “Aprendendo a votar” é exatamente o que os estudantes estão fazendo desde a mais tenra idade, porém isso está sendo ensinado sem ninguém dizer que é isso está sendo ensinado. Está sendo ensinado a dar valor (que mais tarde é traduzido em “votar em”) a quem não é homofóbico, a quem não é racista, a quem não é machista, a quem não tem preconceitos, e isso por maiores que sejam os malabarismos que façam ao definir cada um destes termos. Por contraste, aprendem a desvalorizar o contrário daquilo que aprenderam a valorizar. Mais no futuro, na idade de votar, basta que um candidato seja classificado com um dos adjetivos acima que é automaticamente excluído das possibilidades de voto, mesmo que tal classificação não seja condizente com a realidade. E tudo isso em detrimento do verdadeiro Ensino, em detrimento do cultivo da Alta Cultura, em detrimento da busca pela Verdade – Verdade essa que é mencionada como um dos fundamentos da dignidade pessoal no Estatuto dos Militares em seu Artigo 28.

Pascal Bernadin e a educação voltada para mudança de valores

Pascal Bernadin explica – e prova – em seu livro “Maquiavel Pedagogo” * que a educação está voltada para a mudança de valores e que isso é conseguido através de manipulação psicológica (provocada por um fenômeno identificado como dissonância cognitiva) que professores usam sem nem mesmo saber do que se trata. Qualquer um que tenha cursado ou esteja cursando o ensino superior em instituição civil e que possua conhecimento do que trata o referido livro, acaba por fazer a ligação direta entre o que é apresentado no livro e o que é aplicado em sala de aula – o livro não é voltado a ensinar a pôr em prática tais manipulações, mas sim a desmascará-las. Eu mesmo vi de perto a prática em sala de aula de algumas das técnicas ensinadas no livro. Ao mesmo tempo em que via, ficava meio incrédulo de ser, aquilo que uma professora fazia, exatamente o roteiro apresentado no livro. O mais interessante disso é que a professora que fazia isso NUNCA tinha lido tal livro (mas, segundo ela, era um excelente livro, mesmo ela ME dizendo que não tinha lido tal livro nem sabendo exatamente do que ele tratava).

*Só para se ter uma ideia do que acontece dentro das salas de aula, o referido livro foi usado como base para uma instrução chamada de “engenharia social”, onde eram abordadas formas de reconhecer e de não se deixar levar por algumas técnicas de manipulação psicológica.

Se compra cultura e se leva informação errada ou equivocada

Essa mudança de valores se dá inicialmente pela sonegação de todo o conhecimento histórico anteriormente acumulado (que por sua vez deve ter sido sonegado também aos professores atuais de todos os níveis), fazendo o aluno adquirir informação ao invés de cultura, que resulta em uma absorção da informação – muitas vezes equivocada, quando não completamente distorcida – ao mesmo tempo em que são perdidas as ferramentas intelectuais que possibilitariam a verificação da veracidade da própria informação obtida exatamente por estar sendo sonegada a Cultura. Trata-se de uma propaganda duplamente enganosa: pelo que consta no contrato, se “compra” cultura, mas se acaba levando informação, e essa informação, quando não completamente errada (de forma proposital ou não, pois isso já não importa no resultado final), em grande parte equivocada.

Incapacidade de pensamento dialético

Isso cria na cabeça do estudante um arcabouço de informações, muitas vezes contraditórias que o impossibilita de chegar a uma conclusão nítida sobre qualquer assunto. O processo de raciocínio recebe uma grande interferência destas informações, ficando, o indivíduo, completamente castrado da habilidade de desenvolver um pensamento dialético e independente – a falta de capacidade de raciocinar dialeticamente faz com que aquele que elevou hipoteticamente uma premissa falsas ao patamar de verdadeira já não consiga mais fazê-la voltar ao seu devido lugar, permanecendo como sendo verdadeira não só ela, mas também a conclusão errada a que chegou a partir da falsa premissa.

Se aprende apenas a mudar a ordem das variáveis aprendidas e verdade por maioria de votos

O estudante se torna um ser que não desenvolve a capacidade de trabalhar com as variáveis da realidade (e nem mesmo identificá-las), mas que aprendeu apenas a usar as variáveis ensinadas em aula (muitas vezes inventadas), conseguindo no máximo alterar a ordem delas ao desenvolver um raciocínio e, como é sabido que a ordem dos fatores não altera o produto, acaba chegando às mesmas conclusões que outros que sabem apenas usar essas mesmas variáveis já chegaram anteriormente; e quanto mais gente chega à mesma conclusão, mais gente se convence e convence outros que aquilo está certo, como se a verdade passasse a ser por maioria de votos.

Guerra psicológica

Yuri Bezmenov, ex-agente da KGB que atuava em países de terceiro mundo, em diversas palestras ele menciona que a “guerra psicológica” faz exatamente isso: muda a percepção da realidade de todo indivíduo a tal ponto que, apesar da abundância de informação, ninguém é capaz de chegar a conclusões razoáveis no interesse de defender a si mesmos, suas famílias, sua comunidade e seu país.

Pensamento crítico em lote e a paralaxe cognitiva

Hoje é isso – a capacidade apenas de mudar a ordem das variáveis que foram ensinadas por alguém também incapaz – que chamam de pensamento crítico, pensar fora da caixa ou então pensar com a própria cabeça, por mais que todos os que dizem pensar com a própria cabeça pensem de forma exatamente igual uns aos outros. Muitas vezes aquilo tudo que é argumentado por um desses indivíduos é desmentido por completo pela sua própria experiência de vida. O distanciamento entre a teoria pregada e a realidade vivida deixa evidente a paralaxe cognitiva que acomete tal indivíduo.

Intervenção militar, senso comum e controle do imaginário

Quando ouvi um indivíduo falar em intervenção militar, até me deu uma esperança, mas antes mesmo de ele concluir eu já estava ciente de que era uma falsa esperança. Minha esperança era de ele falar em uma intervenção militar na CAUSA do que vemos todo o dia, mas tão logo acabei de recordar que aquilo que eu pensava provavelmente somente EU pensava ali dentro (por considerar tantas variáveis que são completamente desconsideradas pela absoluta maioria), acabei confirmando que eu estava certo: o senso comum já foi há tempos dominado de forma que até mesmo as alternativas que se apresentam como possíveis são sempre as mesmas. O controle do imaginário coletivo é tamanho que as próprias alternativas parecem todas um desdobramento de um mesmo xeque-mate. Me ocorre sempre que parece muito um jogo de cartas marcadas, onde um lado age como e quando quer, não dando a mínima importância se existem regras, ao mesmo tempo em que faz com que o seu oponente consiga agir somente dentro das regras ditadas por aquele mesmo que não as obedece ou então pensar apenas nas alternativas também dadas/apresentadas por ele.

Inclusão de intelectuais de VERDADE para melhorar o ensino

Considerando essa breve exposição (breve, pois não seria possível eu expor aqui todas as considerações que acho relevantes pelo simples fato de que essa carta se tornaria um livro que no momento eu não saberia nem por onde começar nem por onde terminar, e nem mesmo saberia dizer se conseguiria terminar tal tarefa), não vejo muita saída a não ser a substituição do método de ensino que é comprovadamente falho por algum outro que funcionou e que funciona. A simples inclusão de Olavo de Carvalho, Mortmer Adler, Frank Laubach e Reuven Feuerstein já mudaria completamente o cenário atual do ensino e possibilitaria a retomada da Alta Cultura no Brasil. Porém, para isso, daí sim seria necessária uma “intervenção”.

Intervenção militar e mais hegemonia esquerdista como efeito colateral

Intervenção militar como houve em 1964, a qual o indivíduo pedia, realmente não surtiria efeito. Ou melhor, se isso fosse possível, até poderia surtir um bom efeito a curto prazo em praticamente todas as áreas, porém a longo prazo nos deixaria em uma situação ainda pior do que a atual. Iríamos estar no meio de um espiral onde a cada volta desse espiral a intensidade e a abrangência dos efeitos seriam maiores e mais devastadores. Nada que trouxesse progresso no real sentido da palavra, exatamente por estar tudo fora da ordem. Uma medida desesperada dessas forçaria uma nova “panela de pressão” golberiana que aumentaria ainda mais a hegemonia esquerdista no meio intelectual como válvula de escape. Durante o Regime Militar foi essa válvula de escape que proporcionou a entrada de Gramsci no meio intelectual brasileiro e que acabou criando o senso comum que controla o imaginário coletivo a que me referi mais acima.

Formadores de opinião dominados por Gramsci

Tudo foi sorrateiramente sendo feito como Gramsci recomendou. Ao contrário do que Stálin preconizava (tomar o poder à força para então criar a hegemonia), Gramsci sentenciou que primeiramente deveria ser criada a hegemonia para que, então, o poder fosse “concedido” e não tomado. A hegemonia cultural que veio sendo criada desde a década de 1960-70 fez com que fosse dado o poder aqueles que, antes de conhecer Gramsci ou antes de apenas serem influenciados inconscientemente por ele, queriam tomar o poder à força. Foram algumas gerações de professores, de “intelectuais”, de artistas em geral; foram gerações de formadores de opinião de um modo geral que criaram a estrutura do discurso e a base eleitoral para que a ideologia dominante fosse a que atualmente permeia o governo, as instituições, as ONGs, os programas de televisão, a imprensa como um todo, alguns setores da igreja (!), a educação e tudo mais onde se possa imaginar, variando apenas um pouco a intensidade e o vocabulário usado de forma a tudo isso não ser identificado como sendo um conjunto por aqueles que não conhecem tal estrutura.

Abrindo parênteses para explicar a igualdade de opinião entre os jornalistas

Lembrei-me da menção feita na palestra que em cada jornal se pode ver um editorial diferente. Particularmente, nesse ponto, vejo algo interessantíssimo a ser esclarecido, pois se há alguma diferença entre os editoriais, ela se deva pela manobra que tentarei explicar.

Marxismo cultural na vida humana

A maioria absoluta da imprensa possui não só a mesma ideologia, mas também defende tudo aquilo que sua ideologia consegue abranger. TUDO: vegetarianismo, pichações, grafite, ensinar ideologia de gênero nas escolas, liberação das drogas (começando pela maconha), multiculturalismo, desmilitarização das polícias, aborto, desarmamento, aumento de poder por parte do Estado (e depois reclamam quando as consequências disso aparecem) e tantas outras defesas descabidas. Cada integrante da imprensa defende algum desses temas de modo que algum outro integrante defenda outro havendo vários pontos de intersecção, porém SEMPRE com o mesmo posicionamento (progressista/esquerdista/socialista/comunista), variando apenas a intensidade. É o marxismo cultural abrangendo todas as áreas da vida humana.

Opiniões dos jornalistas diluídas nas reportagens

As opiniões dos jornalistas (ou do jornal), que antes eram expostas nos editoriais, agora são expostas nas reportagens diárias de forma dissimulada e diluída. Em todo e qualquer fato acontecido tem lá, na exposição dele, a dose de opinião do jornalista embasada na sua ideologia. Essas opiniões que possuem em função de uma ideologia não são escritas de forma explícitas, mas escondidas na forma que usam para informar um acontecido. A maioria das pessoas que leem não captam tais truques de linguagem, mas acabam assimilando a mensagem passada: tal coisa é boa; tal coisa é ruim.

O fato exposto nos editoriais e a imperceptível troca de lugar do fato e da opinião

Já nos editorias, como a ideia é passar através dele a seriedade e compromisso que o jornal possui com a verdade, com uma forma mais séria de escrita, são expostos os FATOS (e não a opinião, como deveria ser). Comparando o editorial com a realidade se nota a factualidade daquilo que consta ali, mas, estando exposto como “editorial”, o leitor médio acaba tomando aquilo pela forma (editorial) e não pelo conteúdo (fato). E aí está escondido todo o truque: a OPINIÃO está sendo passada como sendo FATO, diluída em meio ao que é noticiado; e o FATO está sendo exposto no local onde antes se expunha a OPINIÃO daquele meio de comunicação, no editorial.

Se guiando apenas pela forma e não pelo conteúdo

Essa confusão faz com que adeptos de ideologias e opiniões diferentes entendam que aquele meio de comunicação é sempre parcial para o “outro lado”, e, grosso modo, levando em consideração o que abrangem seus horizontes de consciência, não deixam de estar certos, pois os defensores da ideologia que hoje é hegemônica não possuem a capacidade nem de entender os truques linguísticos usados pelos jornalistas para incutir as próprias opiniões na exposição dos acontecimentos (absorvendo apenas a mensagem, como falei anteriormente), nem de enxergar a realidade exposta nos editorias; se guiam apenas pela forma (notícia/fato ou editorial/opinião) sem notar a inversão feita e nem mesmo imaginar essa possibilidade – como também falei anteriormente, o controle do imaginário os deixa impossibilitados de levantar hipóteses (ou apenas imaginar) diferentes das que já foram levantadas por algum formador de opinião.

Depois de feita essa inversão, a diferença entre os editoriais se dá apenas pela pequena dose de opinião constante em cada um: em alguns um pouco de opinião e outros um pouco menos. Apenas isso.

Fechando parênteses para explicar a igualdade de opinião entre os jornalistas

A tarefa não é fácil

A tarefa de fazer uma contra revolução agora na educação e na cultura não se trata de uma tarefa simples. A tarefa é nada simples. Mas também não se trata de uma tarefa impossível, como também não foi impossível que a esquerda se tornasse hegemônica já no período do Regime Militar.

Revolução freiriana e o oprimido se tornando o verdadeiro opressor

É nítida a necessidade que o Brasil tem de mudar por completo seu modelo de ensino, que mudou muito em função da revolução freiriana (pura ideologia) que ocorreu nas salas de aula, onde se retirou a autoridade do professor passando a ideia de que o aluno não só também pode ensinar como não deve se deixar oprimir pelo professor. Isso acarretou em professores dando voz apenas para alunos que aderem às suas ideias logo de cara – na verdade estes alunos não ensinam nada, apenas repetem com outras palavras aquilo que o professor disse e acabam sendo vistos pelos outros alunos como exemplos a serem seguidos -, e na completa retirada de qualquer autoridade que o professor pudesse ter. Agradecemos à pedagogia do oprimido, que fez com que o “oprimido” se tornasse opressor, causando, não raro, lesões físicas e psicológicas principalmente nas professoras que em outrora, se oprimiam, oprimiam via notas e por motivos mais do que plausíveis além de necessários.

Pierluiggi Piazzi e os 80% de analfabetismo funcional no ensino superior

Pierluiggi Piazzi, esse sim professor que contribuiu e muito para o progresso de muitos estudantes, falou e explicou diversas vezes sobre a danosidade do socioconstrutivismo que é a base de qualquer método de ensino atual no Brasil. Os métodos variam apenas o suficiente para não serem identificados como sendo de base sociocontrutivista. Ele mesmo cita o fato de os estudantes brasileiros de séries iniciais serem até que bem inteligentes, mas que essa “inteligência” vai sumindo conforme os anos vão passando. Isso deságua nos aproximadamente 80% de analfabetos funcionais que se formam no ensino superior (mais precisamente 78%, segundo a Tabela 2a do relatório “Inaf 2015 – Alfabetismo no Mundo de Trabalho”).

Reuven Feuerstein e a possibilidade de CRIAR inteligência.

Caso apenas fossem abertas as portas para Reuven Feuerstein, já seria de bom tamanho. Este pedagogo é mencionado por Olavo de Carvalho, quando ele fala que “Numa de suas apostilas, o célebre pedagogo judeu-romeno Reuven Feuerstein assinala as deficiências básicas de inteligência humana responsáveis pelo fracasso nos estudos. Algumas delas são a falta de precisão ao captar os dados, a inabilidade de distinguir entre o essencial e o acessório, a apreensão episódica ou fortuita da realidade, a incompetência para conceber hipóteses, a incapacidade de lidar simultaneamente com várias fontes de informação, e, como resultado, os julgamentos impulsivos, deslocados da situação. Corrigindo esses defeitos, o Dr. Feuerstein vem obtendo resultados formidáveis até mesmo com crianças antes consideradas deficientes mentais incuráveis”. Ou seja, a inteligência pode ser criada e desenvolvida, bem ao contrário do que é feito MEC a dentro.

Censura velada à possibilidade do verdadeiro conhecimento

As portas não são explicitamente fechadas aos verdadeiros intelectuais, porém de forma velada é despendida uma boa quantidade de energia para fazer com que ou não se tenha acesso a qualquer fonte que realmente possa ampliar o horizonte de consciência do indivíduo ou, quando se tem acesso, seja grande a tentativa de ridicularizar qualquer fonte que tenha o intuito de elevar a capacidade cognoscitiva de seu público. Mais uma vez com conhecimento de causa, testemunho sobre aquilo que falo, pois também isso aconteceu comigo na faculdade quando, ao apresentar um trabalho, mencionei Olavo de Carvalho. A professora não demorou muito até tentar ridicularizá-lo com a visão completamente caricaturada que possuía dele. Não foi feliz na tentativa exatamente pelo motivo que eu já havia falado mais acima, quando menciono sobre comprar cultura e levar informação, e ainda por cima tratar-se de informação errada ou equivocada (8º parágrafo). Porém quanto mais procurados forem autores desta estirpe, mais artifícios serão criados para que o acesso a eles seja dificultado, tanto implícita quanto explicitamente. A hegemonia gramsciana criou um bloqueio automático a tudo que é alheio ao conhecimento “oficial” – durante o período em que escrevi isso, o projeto de lei do preço fixo para livros teve um grande avanço no seu processo para aprovação, e, sendo aprovado, se criará o cenário perfeito para a diminuição de ideias em circulação, não sendo necessariamente aplicado logo em seguida de sua aprovação, mas sendo guardado o seu uso para quando estritamente necessário.

Necessidade de mudança da elite intelectual

Há a necessidade que haja uma mudança drástica na elite intelectual existente no país de forma que as expressões individuais de intelectualidade – e não aquelas que se apoiam em grupos para se evidenciar – tenham um modelo a seguir, o que pode fazer com que esse hábito se dissemine. É essencial que exista um centro norteador para a formação de uma nova classe intelectual a fim de que ela seja usada como base no ensino dos mais jovens ao mesmo tempo em que combate a “intelectualidade” que atualmente domina o establishment. As novas gerações precisam ser educadas para que não possibilitem que psicopatas assumam o poder, e isso com o intuito de que a própria educação tenha real efetividade e seja acessível à futuras gerações – de nada adianta educar uma geração ao mesmo tempo em que se deixa psicopatas tomar o poder, jogando todo o trabalho fora.

A tradição militar corrobora sobre a necessidade de ter uma elite para se guiar

Observando a própria vida militar, se observa que ela corrobora meu argumento, pois, como diz um ditado que aprendi quando servi como recruta, “a tropa é o espelho do guia”. Como, em função de diversas filtragens, nos altos comandos chegam apenas militares-modelos, modelos de conduta, de disciplina, em suma, modelo de Militar, os subordinados têm um modelo a seguir. Os que não se enquadram nestes moldes, de forma natural são afastados ou então apenas escanteados mesmo permanecendo dentro da Força. É necessário que seja assim também na cultura em geral.

Resumo das causas raízes da situação brasileira

O desprezo pelo conhecimento de VERDADE, a valorização do conhecimento do supérfluo, o aparelhamento dos órgãos de cultura, a completa inversão dos papéis e dos valores, a sonegação do direito de divergir principalmente dentro das universidades (e isso dentro de centros que deveriam ser usados para debate de ideias), a dominação por completo do imaginário coletivo através da implantação de um senso comum forjado são algumas das raízes da situação atual brasileira. Todo embate ideológico e posterior dominação feita pela ideologia se sedimentou no ensino/cultura para se exteriorizar, algumas décadas depois, nas urnas. As ânsias criadas durante esse tempo todo (de 1960/70 até os dias atuais) foram usadas como combustível para a conquista e manutenção no poder. Tendo justificativas, por mais enganosas que fossem, o governo propiciava para si mais e mais “vantagens” de formas lícitas, ilícitas e, dentre as duas, quase sempre imorais ao mesmo tempo em que interferia em cada área da vida humana.

Tudo o que foi feito para dar errado está dando muito certo

Tudo o que fazem e que dá errado para a população, tudo aquilo que causa dano, atrapalha e interfere de forma negativa na vida de cada cidadão, já foi anteriormente testado em algum momento e comprovada a sua efetividade em ser prejudicial. Sendo assim, a vida se torna quase impossível de ser vivida sem que se peça ajuda ao Estado protetor para qualquer coisa. Com o intuito de situações como essas serem criadas é que foram desenvolvidas algumas técnicas de psicologia de massas no Instituto Tavistock (financiado pelo Clube de Bilderberg), que tinha dentre os seus colaboradores Kurt Levin, uma personagem que é bem assídua nos cursos de pedagogia e outros cursos de humanas aqui no Brasil.

Nesse instituto foram desenvolvidas técnicas para colapsar a sociedade usando diversos meios: gangues de rua, crises financeiras (estratégia Cloward & Piven seria uma boa pedida para isso), drogadição, crises no sistema educacional e também no prisional (não deve ser à toa que esse último anda tão falado). Mesmo que não tenham sido aplicadas tais técnicas no Brasil, não é necessário muito esforço para se observar a completa compatibilidade entre tais estudos e a situação atual brasileira.

Necessidade do envolvimento da Inteligência

Em função do que foi exposto, vejo que seria de enorme valia uma interferência discreta por parte da Inteligência nas diversas áreas da vida cotidiana (notícias, educação, monitoramento da circulação de informações em geral), da mesma forma que os serviços de inteligência soviéticos (STB) atuaram tanto no Brasil como em tantos outros países mais e, de uma forma ou de outra, continuam atuando através da guerra de narrativas influenciando tanto as tomadas de decisão como até mesmo ajudando na criação do senso comum – os erros/equívocos do jornalismo mundial não tratam-se de meros erros, mas sim de criação de narrativas a serem aderidas e defendidas por aqueles que as recebem e, como os “erros”, seguindo um mesmo padrão, são sempre uniformes por parte de todos os propagadores dessas “notícias”, todas as fontes propagadoras devem possuir uma única fonte primária.

Para reverter o terrível quadro clínico que se encontra o Brasil seria necessária uma tomada de decisão com base no princípio da terapêutica que diz que removida a causa, cessa o efeito: removendo a aversão à Cultura e à Verdade, cessaria o efeito causado por anos de guerra psicológica.

*iniciado em 01/06/17; finalizado em 09/07/17

 

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