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A interferência direta da URSS no Brasil

Quando alguém fala de jornalistas brasileiros que foram treinados, doutrinados, protegidos e pagos pela URSS, mais especificamente pela KGB, a maioria já olha com certa desconfiança da sanidade de quem afirma tal coisa. É meio que normal isso acontecer. E isso se dá única e exclusivamente por DESCONHECIMENTO e esse é um dos maiores males da atualidade, que somado a uma pitada que seja de soberba intelectual já é o suficiente para o indivíduo tratar aquilo que tem conhecimento como sendo a única coisa certa no mundo e desconsiderar TODO o resto, tudo aquilo que é desconhecido por estes simplesmente NÃO EXISTE.

Mauro Abranches é um pesquisador/tradutor que há algum tempo está estudando isso nos antigos arquivos secretos, que atualmente encontram-se abertos para pesquisas (inclusive online). Há também alguns vídeos dele falando exatamente nesse sentido: de como a URSS interferiu ativamente no Brasil antes e durante o regime militar por meio da cooptação de empresários, jornalistas, políticos e até militares (vide o caso de Luís Carlos Prestes – sei que ele atuava antes mesmo de 1964, o que não o desqualifica para estar dentre os financiados pela KGB, como realmente o era). A forma que era feita essa cooptação dependia do cooptado. Fidel Castro fazia isso exatamente da mesma forma: alguns ajudavam por afinidade político-ideológica, outros por dinheiro, outros por serem chantageados e outros por simples burrice mesmo (os idiotas úteis).

A URSS mantinha financeiramente inclusive alguns jornais clandestinos no Brasil onde era escrito aquilo que fosse de interesse deles. Em um dos vídeos do Mauro Abranches ele menciona isso, e caso queira cruzar informações, há uma entrevista do Fernando Gabeira que ele complementa tal informação. Ele mesmo fazia parte de um dos muitos jornais clandestinos existentes naquela época e, se não me engano, ele nem sabia quem financiava tal jornal.

Ancelmo Gois é apenas um de muitos casos de brasileiros que passaram pela URSS e foram “ajudados” pela KGB. E isso dito por ele mesmo em mais de uma oportunidade [1 e 2].

“Ain, mas não tem nada demais, nem prova nada” vai pensar aquele retardado que grita aos quatro cantos que o juiz Sérgio Moro foi treinado pela CIA e está a serviço dela para acabar com a Petrobras apenas porque ele já estudou nos EUA. Ora, MUITA gente já foi para a URSS e para a atual Rússia para estudar e, em princípio, não há problema nenhum, mas nesse caso, no de Ancelmo Gois, ele mesmo ASSUME que a KGB deu a ele o completo suporte inclusive para voltar ao Brasil de forma que ninguém soubesse que ele havia passado pela URSS, mas que achassem que ele estava vindo da França. E ele mesmo menciona pelo menos mais um brasileiro que esteve com ele lá nessa “escola internacional”, uma escola comunista para jovens.

A história dessa época que a absoluta maioria conhece é aquela história contada principalmente por jornalistas. Por mais que tenha sido um professor que tenha passado tais informações, eles se embasam muitas vezes nos jornais da época, o que, devido ao fato de muitos jornalistas daquela época serem sustentados pela URSS/KGB, no mínimo se torna muito “tendencioso”.

Simplesmente não há a possibilidade de se possuir um conhecimento correto sobre o que se passou no Brasil sem incluir no campo de visão essas informações. Não é à toa que Mauro Abranches está lá em meio à esta farta documentação há algum tempo. Ele está PRODUZINDO CONHECIMENTO, começando pelo livro “1964 – O Elo Perdido” [3], escrito por ele e por seu parceiro de trabalho Vladimir Petrilak.

Claro que esse livro vai ser antecipadamente rotulado como sendo de golpistas ou coisas do gênero e exatamente por aqueles que desconsideram todas essas informações, desde as confissões daqueles que participaram ativamente quanto dos registros documentais, mas trata-se de conhecimento histórico amplamente documentado. O que esse pessoal que tem aversão ao conhecimento pode fazer é espernear, mas recomendo que esperneiem baixinho, pois se fizerem muito barulho a respeito desse trabalho o resultado pode ser o contrário do que pretendem: podem aumentar a visibilidade de tal obra.

[1] Ancelmo Gois fala de sua experiência na Rússia

[2] Entrevista — Ancelmo Gois

[3] 1964. O elo perdido

Uma resposta para “A interferência direta da URSS no Brasil

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